MEU SUICÍDIO #SETEMBROAMARELO





E a primeira vez que tudo me aconteceu eu tinha por volta dos 15 anos, ainda estava no colegial. Nessa época fui preso dentro do meu próprio corpo, entre quatro paredes. Um ambiente escuro e isolado de qualquer contato. Durante muitos meses o suicídio me serviu de moradia, meu medo se abrigou a ele, tornando-se minha única companhia durante os próximos anos. Eu falhei a primeira vez, quando a falta de ar me fez parar de pressionar o travesseiro contra o rosto. Na tentativa falha de morrer asfixiado.

Quase cheguei ao fim nos meses seguintes, quando palavras de opressão me foram ditas. A pressão que o lençol - branco encardido - fazia ao ser enrolado sob o meu pescoço em forma de corda, me fizera quase perder o chão. Lutei contra os monstros que eu mesmo criei, dentro de mim. Enormes e famintos. Almas e mais almas os alimentam. E com as pernas já fracas e a visão turva engoli. Ali me vi de encontro com o fim da dor. Engoli-los na intensidade de gritar para surdos. Aos poucos meu corpo e seus órgãos foram parando, minha alma já começava a sentir-se mais leve, o medo nem estava mais presente ao meu lado. Falhei. Vomitei. Acordei. Agulhas e bolsas de soro fizeram-me despertar dois dias depois, sonolento e sem total consciência das coisas cometidas.

Agora, estou "vivo", correndo contra o tempo, correndo contra os novos fantasmas que continuam a me encontrar. Preso ao analista, será mesmo que todos os meus pesadelos irão passar? Eu temo que não, mas agora eu não posso desistir.

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