BENDITA HORA

Depois de tantas pessoas que passaram por mim, depois de tantas marcas e de um coração partido milhares de vezes, você me apareceu. Confesso que não apostava nada em você. Não por falta de interesse, mas pelo simples fato de ter um coração totalmente acabado de tanto lutar. Ele parecia não aceitar mais nenhuma cola, parecia não querer mais bater por ninguém, por nada. Até que então tu apareceste, tentaste, e me fizeste recomeçar. Juntos, pouco a pouco. A cada dia ao teu lado uma cicatriz desaparecia do meu corpo, como se tu foste o remédio ideal para o meu ser. Bendita Hora em que tu apareceste, estava prestes a cair de um novo precipício.

Como um viciado em busca da sua droga, tu se entregaste a mim, da cabeça aos pés e me fizeste querer ficar. Novamente meu coração parecia se recuperar, o medo e a insegurança ainda era grande, bastava olhar em meu semblante para ver. O mais difícil de se recuperar de um tombo na vida com certeza não são os remédios usados, nem o tempo de recuperação, mas sim o que ficou guardado na nossa memoria, toda a dor física passa, mas a memoria fica guardada, não esquece. Ficamos reféns de nós mesmos, só que dessa vez a arma está nas nossas mãos, nós quem atiramos. Me senti estranho por muito tempo, por muitos relacionamentos que não deram certos, ou por pessoas que eu talvez achei demais. Achei que pudessem ser a pessoa certa, achei que pudessem me completar. Mas aprendi que ninguém pode me completar se não eu mesmo. De tanto apanhar acabei aprendendo, que louco não é mesmo? A gente precisa apanhar muito pra aprender, mas no fundo é verdade, como poderíamos saber o quanto é bom sermos felizes se nunca tivermos passado pelas tristezas da vida. São caminhos que se completam, que levam para o lugar certo. Embora a dor seja difícil de aguentar mas é preciso.

Que bom que tu vieste me ensinar mais um pouquinho da vida, que bom que tu não tem uma arma em tuas mão, ou qualquer coisa que possas me ferir. Feliz eu fico, de poder te sentir, de te fazer companhia e de ser teu par.